13ª Edição
Cristiano Lenhardt
Superquadra-Sací, 2015
Filme super 8/digital
9 minutos
Núcleos
Todo mundo é, exceto quem não é
Desnaturalizar. Nem mesmo o saci é o saci. A natureza não é o que nos une. O que nos conecta é o que fazemos com ela; o que ela faz conosco, num nós que é também dela. A coexistência entre diferentes formas de existência funda reciprocidades e simetrias: humanos e mitos pertencem ao mesmo regime de verdade. Inclusive a origem do mundo de vez em quando se origina novamente, dando a luz a outros corpos. E a corporeidade persiste.
Espaço
Quando não impera a perspectiva euclidiana. Espacialidades são formas de existir: prescindir de centros ou pontos de fuga funda outros corpos, relações e equilíbrios. Quando a profundidade cede ao raso, já não há o que transbordar – tudo é amplidão. Quando se atenua a gravidade, descentrada, radicaliza-se a coreografia.
Gráfico
A preponderância da linha que grava e organiza. Da linha que possibilita limitar e em cuja trama, ao mesmo tempo, se intrinca a vida. A linha que decora é também a linha que rabisca; grafar, mais do que escrever, é inscrever. Como inscrita é a linha orgânica, que se faz no encontro de superfícies e corpos: linha que surge quando a borda se torna meio.
Pictórico
O desejante da pintura. Quando se deseja, deseja-se o todo – da cor, da tinta, da massa, do escorrimento, do volume, da superfície, do espaço. Daquilo que é o pictórico fora da pintura, e para além de qualquer figura. Do desejo pela pintura que se interpõe à narrativa e que, desejante, delira.
Matérico
Corpo contaminado. Contaminante. Lançado ao território onde a posse reina contra a propriedade, onde as coisas se imantam, se agrupam, reagem umas às outras sem respeito a fronteiras. A matéria é o corpo que não cabe em si mesmo, e que se transfigura em coisa do mundo. Corporeidade. Coisa formada por densidades, volumes, temperaturas, forças que vinculam, intensidades.
Político
Multidão. Sem unidade, a multidão funda um comum por entre as diferenças e as singularidades. O comum prescinde de unidade: além do senso, há também o dissenso comum. A multidão se multiplica na luta e nas formas de ocupação e reinvenção desses comuns, das manifestações políticas à praia ou ao futebol. Mesmo no seio da (in)visibilidade social – naquilo que poderia ser a negação do indivíduo ou a afirmação hegemônica de um sobre muitos – emerge a multidão, dissensual e poderosa.
Júri
Fabricio Lopez
Fabricio Lopez vive e trabalha em Santos e São Paulo. Mestre em poéticas visuais pela ECA – USP sob orientação de Claudio Mubarac, é membro fundador da Associação Cultural Jatobá – AJA e do Ateliê Espaço Coringa, que entre 1998 e 2009 produziu ações coletivas como: exposições, publicações, vídeos, aulas, intercâmbios e residências artísticas. Participou de diversas exposições coletivas dentre elas: Gravure Extreme – Europalia, Trilhas do Desejo – Rumos Itaú Cultural, X Bienal de Santos (1° prêmio), Novas Gravuras – Cité Internationale des Arts / Paris – FR, XIII Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira – Portugal e Arte Contemporânea no Acervo Municipal – Centro Cultural S. Paulo. Participou do Encontro Panamericano de Xilogravura em Trois Riviérès, no Canadá, de residência como artista convidado do Atelier Engramme na cidade do Québec e no CRAC (Centro de Residências para Artistas Contemporâneos) em Valparaíso no Chile como prêmio do Programa Itaú Cultural. Realizou exposições individuais no Centro Universitário Maria Antonia, na Estação Pinacoteca – SP e no Centro Cultural São Paulo, integra os acervos públicos da Pinacoteca Municipal e do Estado de São Paulo, Casa do Olhar – Santo André, Secretaria Municipal de Cultura de Santos e do Ministério das Relações Exteriores com o 1° prêmio para obras em papel do programa de aquisições do Itamaraty.
Julieta Machado
Angolana naturalizada brasileira, Julieta Machado é formada em artes plásticas. Participou como artista de diversas exposições coletivas em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Bahia. Trabalhou no núcleo de artes visuais do Sesc Pompeia e atualmente integra a Gerência de Artes Visuais e Tecnologia do Sesc São Paulo, onde responde pelo Acervo Sesc de Arte Brasileira.
Valéria Laena
Historiadora, trabalha com pesquisas relacionadas a bens culturais materiais e imateriais no Ceará, na produção de documentários que valorizam a produção artesanal e artística de anônimos e “mestres” de ofícios e na gestão de museus. Foi diretora do museu oficial do Estado e atualmente é Diretora de Museus do Centro Dragão do Mar em Fortaleza, onde cria e desenvolve projetos especialmente ligados ao Museu da Cultura Cearense. Apresentou em curadoria compartilhada em São Paulo, no Sesc Belenzinho, a exposição Retrato Popular e no Ceará coordena um trabalho de pesquisa sobre a culinária cearense para resultar em exposições, documentário e publicação.
Curadores 2016
Clarissa Diniz
Nascida em Recife, Clarissa é graduada em Educação Artística/Artes Plásticas pela Universidade Federal de Pernambuco e possui mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi editora da Tatuí, revista de crítica de arte. Publicou os livros “Crachá – aspectos da legitimação artística” (Recife: Massangana, 2008), “Gilberto Freyre” (Rio de Janeiro: Coleção Pensamento Crítico, Funarte, 2010) – em coautoria com Gleyce Heitor –; “Montez Magno” (Recife: Grupo Paés, 2010), em coautoria com Paulo Herkenhoff e Luiz Carlos Monteiro; e “Crítica de arte em Pernambuco: escritos do século XX” (coautoria com Gleyce Heitor e Paulo Marcondes Soares. Rio de Janeiro: Azougue, 2012). Das curadorias, destacam-se “Refrações – arte contemporânea em Alagoas” (cocuradoria com Bitu Cassundé. Pinacoteca da UFAL, 2010), “contidonãocontido” (cocuradoria com Maria do Carmo Nino e EducAtivo Mamam – Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife, 2010), “Contrapensamento selvagem” (cocuradoria com Cayo Honorato, Orlando Maneschy e Paulo Herkenhoff, Instituto Itaú Cultural, SP, 2011), “Zona tórrida – certa pintura do Nordeste” (cocuradoria com Paulo Herkenhoff. Santander Cultural, Recife, 2012), “Pernambuco Experimental” (cocuradoria com Paulo Herkenhoff, MAR, Rio de Janeiro, 2013) e Gilberto Freyre: vida, forma e cor (cocuradoria com Fernanda Arêas Peixoto, Jamille Barbosa e Leonardo Borges, Caixa Cultural, Recife e São Paulo, 2016). Entre 2008 e 2010, integrou o Grupo de Críticos do Centro Cultural São Paulo, CCSP.
Claudinei Roberto
É formado em Educação Artística pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Em 2005, funda e organiza o Ateliê OÇO/Galeria Cine Sol onde realiza várias mostras e atividades artístico pedagógicas no bairro da Liberdade, em São Paulo. Participou, em 2011, do Programa “International Visitor Leadership Program” do Departamento de Estado do Governo dos Estados Unidos. De 2010 a 2013 foi Coordenador do Núcleo de Educação do Museu Afro Brasil. Em 2013 e 2014 foi Coordenador Artístico Pedagógico do projeto multinacional “A Journey trough African diáspora”, do American Aliance of Museuns em parceria com o Museu Afro Brasil e Prince George African American Museum. Dentre suas principais curadorias, se destacam: Sidney Amaral O Banzo, o amor e a Cozinha, 1º Prêmio Funarte para artistas e curadores negros – Museu Afro Brasil – São Paulo (2014); Coordenação e Curadoria – Simpósio Presença Africana no Brasil – Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo (2015); e Curador e texto Crítico da exposição Audácia Concreta as Obras de Luiz Sacilotto – Museu Oscar Niemeyer de Curitiba (2015).
Sandra Leibovici
Possui graduação em Comunicação Social (PUC – SP), com especialização em Gestão Cultural (Birkbeck University – University of London) e História da Arte (FAAP SP). Atua no Sesc desde 2005, empenhando inicialmente a função de animadora cultural à frente das Oficinas de Criatividade do Sesc Pompeia e posteriormente a supervisão das exposições da mesma unidade. Atualmente é assistente técnica da Gerência de Artes Visuais e Tecnologia do Sesc.