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 Carla Zaccagnini[Buenos Aires, 1972. Vive e trabalha em São Paulo]Museu das Vistas, 2004 — em andamento. Constituição de uma coleção de desenhos intermediados pelo discurso. Oscar Chaparro, Galeria Casas Riegner, Bogotá, 2011.Carla Zaccagnini[Buenos Aires, 1972. Vive e trabalha em São Paulo]Museu das Vistas, 2004 — em andamento. Constituição de uma coleção de desenhos intermediados pelo discurso. Tamar Andrade, Galeria Vermelho, São Paulo, 2004.Carla Zaccagnini[Buenos Aires, 1972. Vive e trabalha em São Paulo]Museu das Vistas, 2004 — em andamento. Desenho de Tamar Andrade, São Paulo, 2004, 22×32 cm. 
História

Carla Zaccagnini

[Buenos Aires, 1972. Vive e trabalha em São Paulo]


O projeto Museu das Vistas iniciou-se em 2004 e, desde então, possuiu diversas interações em várias cidades de diferentes países: Medellín (Colômbia), Rincón (Porto Rico), São Paulo (Brasil), Valparaíso (Chile), entre outras. Assim como em outros trabalhos de Carla Zaccagnini, aqui ela cria algumas regras do jogo que devem ser seguidas pelos espectadores-participantes para que o trabalho se realize plenamente. Nesse caso, a artista mobiliza um retratista policial, que fica disponível durante um período previamente acordado em algumas áreas da cidade na qual ocorre a exposição da qual o trabalho participa. Aqui, ao invés de traduzir em desenho a descrição de criminais suspeitos, esses retratistas produzem desenhos de vistas lembradas por aqueles que desejam participar do projeto. Cada um desses desenhos é feito sobre um papel autocopiante; o desenho original em grafite é entregue a quem descreve a vista, enquanto o Museu das Vistas coleciona cópias azuis sobre papel amarelo produzidas quimicamente pela pressão do lápis.

O arquivo resultante é uma testemunha das formas em que a paisagem se torna uma imagem mental e de como essa imagem da memória pode se transformar em discurso e ser traduzida em desenho, construindo uma nova imagem física. Assim, o tradicional gênero da pintura de paisagem, tão relevante e predominante na produção dos artistas que integram a Bienal Naïfs do Brasil, desdobra-se, no Museu das Vistas, no tempo e no espaço. O projeto de Zaccagnini atesta, de certa maneira, a persistência da paisagem no mundo atual. Pelo menos desde o século XV, aprendemos a olhar o mundo como paisagem, e é justamente esse processo de construção mental e tradução visual que a artista enfatiza em Museu das Vistas. Porém, os desenhos resultantes são também elementos fundamentais do projeto e sua forma final será determinada pela habilidade e pelas escolhas feitas tanto pelos retratistas quanto pelos narradores, sendo portanto imprevisíveis. Mas, levando em conta os desenhos produzidos até agora, podemos dizer que, em sua maioria, possuem algumas aproximações estilísticas com a produção naïf. Não seriam também os retratistas de polícia artistas não eruditos?