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 Rodrigo Matheus[São Paulo, 1974. Vive e trabalha em Londres]Interior/Exterior, 2012. Técnica mista, 195×170 cm. Detalhe.Rodrigo Matheus[São Paulo, 1974. Vive e trabalha em Londres]Interior/Exterior, 2012. Técnica mista, 195×170 cm. Detalhe.Rodrigo Matheus[São Paulo, 1974. Vive e trabalha em Londres]Interior/Exterior, 2012. Técnica mista, 195×170 cm. 
História

Rodrigo Matheus

[São Paulo, 1974. Vive e trabalha em Londres]


Com uma produção que transita por diferentes mídias, a obra de Rodrigo Matheus não se atém a técnicas ou estilos particulares. Em seus primeiros trabalhos, incorporava e articulava objetos industrializados ou de design encontrados no cotidiano corporativo, emulando e empregando sua estética característica dentro do circuito da arte contemporânea. Recentemente, realizou uma série de obras em que se apropriou de materiais característicos desse mesmo circuito, como embalagens de obras e materiais de montagem, criando com eles situações escultóricas temporárias. Essas configurações eram mantidas apenas durante o período de duração das mostras que integravam, dissipando-se após seu término, quando esses materiais eram devolvidos a seus lugares de origem e cessavam de ser considerados arte.

Para as duas novas comissões que produziu para a mostra Além da Vanguarda, Matheus opera também uma re-significação de materiais existentes. Aqui, busca dialogar diretamente com a história local do poder das elites agrárias paulistas e as transações comerciais que realizavam com a Inglaterra no início do século XX, quando ainda nem se falava em globalização. Em uma das peças, ele acumula uma série de documentos relativos às transações comerciais variadas entre Brasil e Inglaterra sobre uma superfície bidimensional, conferindo materialidade a um sistema baseado no comércio transatlântico, no acúmulo de capital e na exploração do trabalho escravo. 
No segundo trabalho, utiliza papéis do mesmo período que eram utilizados para embalar as laranjas exportadas do Brasil para a Inglaterra. Essas laranjas eram embaladas, uma a uma, em um papel delicado, no qual havia a inscrição de sua origem e o logo da empresa. Aqui, Matheus traz esses papéis de volta a seu país de origem, construindo com eles uma delicada peça de parede bidimensional em que são utilizados como as pequenas bandeirolas decorativas das festas regionais e adornados com anzóis e iscas que remetem aos grandes rios do interior paulista. Através dessas evidências materiais, Matheus evoca uma história de transações comerciais sustentadas pelo trabalho escravo que sofreu um apagamento sistemático, mas cujos ecos ainda são sentidos na estrutura social do Brasil contemporâneo.