Conexões a considerar


O desenvolvimento tem diversas faces, que devem ser pensadas de modo interligado, com vistas a contribuir para uma sociedade menos desigual, já que tal visão permite que fatores econômicos sejam pensados em conexão com questões sociais e culturais. A responsabilidade social dos empresários do comércio de bens, serviços e turismo origina-se de tal leitura de mundo: ela se expressa não apenas no empenho por cenários dignos na esfera do trabalho, mas também na atenção com outras dimensões que cercam essa esfera. A cultura é uma delas.

O Sesc, instituição que mantém uma ação cultural voltada para os trabalhadores do setor do comércio, bem como para estratos mais amplos da sociedade, é uma das expressões desse comprometimento. Entretanto, não se trata de compreender a cultura como descompressão da lógica do trabalho – ao contrário, ela é oportunidade para a ampliação da formação dos cidadãos.

A realização da Bienal Naïfs do Brasil está inserida nessa forma de conceber a relação entre classe empresarial e sociedade. Trata-se de uma relação na qual deve estar presente o oferecimento de condições para que as pessoas e coletividades compreendam melhor suas esferas de atuação, nas quais convergem elementos originários da tradição, do presente e do futuro. É a partir dessa compreensão que se pode vislumbrar um enfrentamento coletivo dos dilemas atuais.

Aproximar públicos de manifestações culturais ligadas a contextos variados é uma maneira de ocupar o espaço social com qualidade, pois parte da concepção da diversidade como riqueza. Aqui, o contexto em questão refere-se a um Brasil interiorano, nos quais as potencialidades econômicas e culturais desenham uma só realidade, múltipla, que deve ser mais bem conhecida. Cabe, portanto, a instituições dedicadas ao campo da cultura apresentar essa realidade segundo uma perspectiva expandida, permitindo vislumbrar a pluralidade inerente à ideia de desenvolvimento.

 

Abram Szajman

Presidente do Conselho Regional do Sesc São Paulo